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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Não deixe cair a profecia: basta de extermínio!



A notícia da morte do jovem Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos, anunciada no dia 07 de fevereiro, me deixou profundamente desolada. Ele ficou conhecido por ter passado em primeiro lugar no curso de Biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Fantástico mostrou, na época, em 2007, a felicidade de sua mãe, a vendedora ambulante Maria Luiza do Nascimento. Ele foi morto a tiros na madrugada do dia 06 de fevereiro/2010, em sua casa, no Recife, porque não sabia dizer aos criminosos onde estavam os seus vizinhos.

Na época quando vi a notícia de sua aprovação no vestibular tive a sensação de que a teimosia dos/as pobres em viver e ter dignidade era certeira. Tive a certeza na esperança de um outro mundo possível e necessário. Mesmo que Alcides estivesse na estatística da contra mão, na estatística da exceção, o esforço de cada um e cada uma com certeza dá bons resultados.
Chorei pela morte do Alcides. Chorei pela notícia de que um jovem que ajudou a gente a cantar no CD da Campanha A Juventude Quer Viver está preso por uso de crack e furto. É doloroso enxergar a esperança. Mais é mais doloroso enxergar o desejo e o movimento de parte da sociedade e estado que simplesmente extermina meninos e meninas que não são reconhecidos/as como seus pares, aqueles e aquelas que não estão no centro (da política, da economia, da bolsa de valores, do centro da cidade).
Mas é preciso “não deixar cair a profecia” diante da dor e da desolação. Foi Marcelo Barros que me contou esse princípio fundamental para todos e todas nós que acreditamos no outro mundo urgente e necessário, por meio do livro em que ele fala de sua experiência com Dom Hélder na época em que foi bispo da arquidiocese de Recife e Olinda.
Olhando para a Campanha A Juventude Quer Viver e a Campanha Nacional Contra o Extermínio e Violência de Jovens, tenho a certeza de que não podemos deixar cair a profecia. Não podem exterminar a esperança que habita em cada um e cada uma de nós. Não é possível exterminar o nosso amor pela humanidade. Nunca conseguirão exterminar a nossa voz e nossa capacidade de criar. Jamais vão conseguir exterminar a nossa ousadia e a nossa teimosia.
O sorriso bonito do jovem Alcides nas fotos de reportagem que tem falado sobre ele, na casa simples da periferia do Recife, expressa o significado do seu nome e do movimento que a juventude tem feito pela vida: Alcides significa forte, persistente, ativo e com força de vontade.
Você, Alcides, marcou muita gente no Brasil pela tua força tão simples e tão intensa fazendo que o Brasil inteiro se sentisse incomodado pela tua morte e vida Severina. Agradecemos a tua presença no meio de nós, pois você é um sinal de que nossa luta deve ser juntos e juntas, com os pés no chão, o coração inundado de coragem e com a boca no trombone dizendo aos quatro cantos do mundo “Basta de Extermínio!”. Sei que seu conterrâneo dom Helder deve ter acolhido você na casa do Pai na maior festa e ter dito “parabéns, meu rapaz, você sonhou sem medo, sem limites e sem censura”.
Como ato de fé, vamos todos e todas profetizar todos os dias: a juventude quer viver, na luta contra o extermínio e a favor da vida. Basta de extermínio!!!

  • Kelly Cristina Alves
    Casa da Juventude Pe. Bunier - AJEAS
    *A foto de Alcides que ilustra este texto é do programa da Rede Globo exibido em 2007.
    Fonte: http://oglobo.globo.com/

  • Reflexão sobre a Liturgia da Palavra de Quarta-feira de Cinzas





    Por: Luis Duarte
    Coordenador Nacional da PJ - Regional Centro-oeste

    Iniciamos nesta Celebração Memorial do Amor de Cristo o Tempo da Quaresma; tempo de reconciliação, oração, perdão, missão e Amor.
    Vivemos pois, um Tempo de Reconciliação, tempo de sairmos de nós mesmos e irmos à encontro do/a irmão/ã, à encontro de Deus, tempo de re-atar os laços, de perdoar e pedir perdão. O profeta Joel motivava à comunidade à voltar-se para Deus.
    Vivemos, também, um tempo de Perdão, fazendo memória do Amor de Deus somos motivados/as à perdoarmos e pedirmos perdão ao irmão e ao Senhor. O profeta Joel quanto se dirigi ao povo lembrava do Amor do Pai que nos perdoa e acolhe. São Paulo ao se dirigir a comunidade de Corintho lembrava que Jesus, único sem pecado, assume por Amor, todo o pecado da humanidade e nos perdoa.
    Vivemos, um tempo de Oração. Somos, pois, convidados/as a mais e mais estarmos em comunhão, juntos/as de Deus através da Oração. Jesus Cristo em seu caminho, sempre parava e rezava, e nos lembrava a importância da oração para nossa Vida e Missão.
    Vivemos um tempo de Amor. Mais que nunca nós recordamos do Amor de Deus por nós, que por Amor nos envia Jesus, que também por Amor aceita morrer na cruz. Somos, pois, impelidos/as pelo Espírito de Vida e Amor à amar incondicionalmente a todos/as.
    Vivemos um tempo de missão. Jesus ao se dirigir aos discípulos ensinava-lhes, partindo de sua própria Vida, caminhos para viverem e continuarem a Missão (Vida e Vida em abundância para todos/as). Jesus motivava os discípulos à serem discretos em sua ação, à não desejarem glorias e honrarias por causa do bem que faziam, os motivava à oração, ao ato de pedir e dar o perdão e à amarem incondicionalmente.
    No tempo da Quaresma somos convidados/as, pois, a assumirmos os discipulado missionário pela Vida e pelo Reino, que chamamos Civilização do Amor.
    Oxalá consigamos nesta Quaresma pedir e dar o perdão, acolher o/a irmão/ã, reconciliarmos-nos uns com os outros, amar incondicionalmente, orarmos mais, nos doarmos pela causa e assumir o discipulado missionário pela Vida.

    82 anos de Dom Pedro Casaldáliga

    "Onde não há utopia, não há futuro".
    (Dom Pedro Casaldáliga)


    Amigos, hoje, 16 de fevereiro, o grande e amado Dom Pedro Casaldáliga completa 82 anos de luta, sonhos e de uma vida em favor dos pobres e do Reino de Deus...

    segue um de seus belos poema dele...


    Canção da foice e do feixe

    Com um calo por anel
    monsenhor cortava arroz.
    Monsenhor "martelo
    e foice?"
    Me chamarão subversivo.
    E lhes direi: eu o sou.
    Por meu povo em luta, vivo.
    Com meu Povo em marcha vou.
    Tenho fé de guerrilheiro
    e amor de revolução.
    E entre Evangelho e canção
    sofro e digo o que quero.
    Se escandalizo primeiro,
    queimei o próprio coração
    ao fogo desta Paixão,
    cruz de seu mesmo Madeiro.
    Incito à subversão
    contra o Poder e o Dinheiro.
    Quero subverter a Lei
    que perverte ao Povo em grei
    e ao Governo em carniceiro.
    (Meu Pastor se faz Cordeiro
    Servidor se fez meu Rei.)
    Creio na Internacional
    das frontes alevantadas
    da voz de igual a igual
    e das mãos enlaçadas...
    E chamo a Ordem de mal
    e ao Progresso de mentira.
    Tenho menos paz que ira.
    Tenho mais amor que paz.
    ...Creio na foice e no feixe
    destas espigas caídas:
    Creio nesta foice que avança
    uma Morte em tantas vidas!
    - sob este sol sem disfarce
    e na comum Esperança -
    tão encurvada e tenaz!

    (Pedro Casaldaliga)



    Parte de uma entrevista realizada pela revista "Mundo e Missão":

    Com 75 anos de vida e muita história para contar, qual é a mensagem
    que o senhor deixa para os jovens?

    Que continuem sendo jovens. Que façam da juventude esperança, força, doação, sonho. Que não caduquem antes da hora, corporalmente e espiritualmente. Em segundo lugar, que saibam abraçar as causas maiores, as causas da justiça, da libertação, da ecologia, da política e da paz. Em terceiro lugar, que se apaixonem por Jesus Cristo, sua palavra, sua vida, sua morte e sua ressurreição. Não esqueçam, dizia um famoso poeta francês convertido, Paul Claudel, que "a vida de uma pessoa acaba sendo aquilo que se sonhou na juventude". Quem não sonha alto na juventude, dificilmente vai ter uma vida generosa, uma vida que valha a pena. É a hora de definir a vida, definitivamente. Poderá ter tropeços, perder o caminho, perder-se de vez em quando, mas se sonhou alto, encontrará o caminho de novo.

    Fonte: http://www.pime.org.br/mundoemissao/testemunhosbispo.htm

    www.pj.org.br 

    CAMPANHA NACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE JOVENS



    O que é a Campanha? É uma ação articulada de diversas organizações para levar a toda sociedade o debate sobre as diversas formas de violência contra a juventude, especialmente o extermínio de milhares de jovens que está acontecendo no Brasil. Com isso, a Campanha objetiva avançar na conscientização e desencadear ações que possam mudar essa realidade de morte. 

    Como começou? A Campanha nasceu da reflexão da 15ª Assembléia Nacional das Pastorais da Juventude do Brasil (ocorrida em maio de 2008), fruto da indignação crescente dos/as delegados/as presentes naquela assembleia e da revolta ante ao crescente número de mortes de jovens no campo e na cidade, em todos os cantos do país.

    Quem a promove? As Pastorais da Juventude do Brasil (Pastoral da Juventude, Pastoral da Juventude Estudantil, Pastoral da Juventude do Meio Popular e Pastoral da Juventude Rural). Com o objetivo de unir forças na defesa da vida da juventude, várias outras organizações estão se juntando como parceiras da Campanha.

    Para que você possa efetivar e trabalhar melhor a temática da Campanha, estão disponíveis para download os seguintes materiais:

    logotipo, cartaz, adesivo e folheto em arquivos, JPG, PDF e Corel Draw.
     
    fonte: ccj