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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Pesquisa mostra: violência afeta jovens até nas escolas privadas



São graves as conclusões a que chegaram duas pesquisas envolvendo a juventude brasileira divulgadas ontem. Mostram que está em construção uma sociedade ainda mais violenta do que temos hoje. Nossos jovens, não importa a classe social ou cidade em que vivem, estão crescendo em ambiente hostil, em que a agressividade vai, aos poucos, suplantando o diálogo e a compreensão no relacionamento entre as pessoas.

É um alerta aos que insistem em supervalorizar certas conquistas, como a universalização do acesso à escola básica, o avanço da economia e sua bem-sucedida saída da crise internacional. A dura realidade é que ainda estamos muito longe de criar oportunidades reais de inserção da maioria dos jovens que se encaminham para vida adulta e falhamos na preparação dos cidadãos das próximas gerações de líderes, empreendedores, profissionais de todos os níveis, bem como futuros pais e educadores.

Um levantamento inédito, coordenado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), sob encomenda do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro-MG), revela o verdadeiro drama que tem sido para os professores da rede privada de ensino conviver com a violência que seus alunos estão levando para o ambiente escolar.

Foram entrevistados 686 professores de Belo Horizonte sobre as manifestações de violência nas escolas. Até agora, os dados disponíveis sobre esse tema eram apenas relativos à escola pública. Mais da metade dos entrevistados (62%) presenciaram agressão verbal; 24% disseram ter presenciado agressão física; pelo menos 20% dos professores já viram tráfico de drogas em seu ambiente de trabalho.

A pesquisa mostrou ainda que pelo menos um em cada três professores da rede privada se sente intimidado e ameaçado pela violência dos alunos. A maioria deles (67%) não se acha preparada para enfrentar a violência no ambiente escolar, mas quase todos (95%) concordam que esse quadro de violência na escola tem solução.

Não menos impressionante é um estudo divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, organização não governamental (ONG) apartidária. O estudo cruzou dados a respeito de jovens de 12 a 29 anos que habitam 266 municípios com mais de 100 mil habitantes. Partindo da ideia de que violência não é só crime, combina informações socioeconômicas, número de homicídios, escolaridade, acesso ao mercado de trabalho, renda e moradia.

A conclusão é de que os jovens estão expostos a níveis de violência muito altos em 10 dessas cidades e altos em outras 33. O índice resultante desse coquetel de indicadores é mais elevado em cidades do interior do país, como Governador Valadares (5º lugar), deixando as grandes capitais em posição bem mais confortável. Mas não há nada a comemorar.

Pelo contrário. Assim como já avançou na conscientização da defesa do meio ambiente, a sociedade precisa organizar reação inteligente e rápida, no sentido de identificar as verdadeiras causas dessa violência e implementar as medidas com vista à sua eliminação. É tarefa para as autoridades. Mas a ela não podem se furtar os que têm alguma responsabilidade na orientação educacional ou social da juventude.

http://www.pj.org.br/2/src/site/noticia.php?id=904

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